Ultrassom Revoluciona o Tratamento do Câncer: Uma Nova Era Sem Cirurgias

Curar o câncer com som? Sim, a ciência está tornando isso possível. Conheça a técnica que destrói tumores sem bisturi, sem dor e sem cirurgia — usando apenas ultrassom!

SAÚDE E TECNOLOGIA

10/20/20253 min ler

Durante décadas, o tratamento do câncer foi sinônimo de cirurgias invasivas, quimioterapia agressiva e radioterapia intensa. Mas um avanço tecnológico está mudando esse cenário — e o som é o protagonista dessa revolução silenciosa.

A técnica, chamada histotripsia, usa ondas de ultrassom de alta intensidade para destruir tumores sem bisturis, cortes ou longas internações. E, o mais impressionante, é que tudo começou quase por acaso.

Um acidente que virou descoberta

Nos anos 2000, a pesquisadora Zhen Xu, da Universidade de Michigan (EUA), buscava uma forma de eliminar tecidos doentes sem cirurgia. Durante um experimento, o barulho do ultrassom irritou tanto seus colegas de laboratório que ela decidiu mudar a frequência dos pulsos sonoros.

O que era apenas uma tentativa de “diminuir o incômodo” acabou gerando algo extraordinário: o som, quando emitido em microexplosões rápidas, rompeu tecidos de forma precisa e sem causar danos ao redor.

Sem perceber, Xu havia criado uma nova forma de terapia — um método que usa microbolhas formadas pelas ondas sonoras para literalmente desintegrar tumores dentro do corpo.

A terapia que usa som no lugar do bisturi

A histotripsia funciona assim: um equipamento robótico emite pulsos ultrassônicos concentrados no tumor, criando pequenas bolhas que se expandem e colapsam rapidamente.
Esse processo destrói as células cancerígenas, e o próprio sistema imunológico do paciente elimina os resíduos.

O melhor? Tudo acontece sem cortes, sem calor e com recuperação praticamente imediata. A maioria dos pacientes pode voltar para casa no mesmo dia.

A técnica foi aprovada em 2023 pelo FDA (órgão de saúde dos EUA) para o tratamento de tumores no fígado. No ano seguinte, um estudo mostrou 95% de sucesso em pacientes tratados com o método.

O Reino Unido também aprovou a tecnologia em 2024, abrindo caminho para sua expansão na Europa.

Um tratamento com menos dor e mais precisão

Em comparação com outros métodos que usam ultrassom — como o HIFU (Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade), que aquece o tecido tumoral —, a histotripsia se destaca por não gerar calor, reduzindo riscos e preservando tecidos saudáveis.

Cada sessão dura de uma a três horas, e a maioria dos tumores pode ser tratada em apenas uma aplicação.

Mesmo assim, os cientistas seguem investigando a eficácia do método a longo prazo e o risco de as células destruídas se espalharem pelo corpo — algo que, até agora, não foi observado em testes clínicos.

Som e ciência trabalhando juntos

A pesquisa com ultrassom não para na histotripsia. Cientistas estudam combinações promissoras com outras terapias, como:

  • Ultrassom + microbolhas: ajuda medicamentos a atravessar barreiras naturais do corpo, como a do cérebro, levando remédios diretamente aos tumores.

  • Ultrassom + imunoterapia: ao fragmentar o tumor, ele o torna mais visível para o sistema imunológico, que pode atacar células cancerígenas em outras partes do corpo.

  • Ultrassom + radioterapia: pode potencializar os efeitos da radiação, permitindo o uso de doses menores e com menos efeitos colaterais.

Essas abordagens abrem caminho para tratamentos mais seguros, personalizados e menos traumáticos.

Um futuro mais gentil com o paciente

Zhen Xu e outros cientistas acreditam que o ultrassom pode transformar completamente a oncologia moderna.
Embora ainda não seja uma “cura mágica”, essa tecnologia promete reduzir o sofrimento e aumentar a qualidade de vida dos pacientes — algo que, até hoje, parecia impossível no tratamento do câncer.

“O câncer é terrível. Mas o que o torna ainda pior é o próprio tratamento”, diz Xu. “Se pudermos mudar isso, já será uma grande vitória.”

A revolução sonora da medicina acaba de começar — e o futuro, pela primeira vez, parece mais silencioso, preciso e humano.

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