Os 5 Maiores Riscos Imediatos da Falta de Preparo Empresarial para a Reforma Tributária
O cerne do problema é que a transição forçará as empresas a operar sob dois sistemas tributários ao mesmo tempo por um longo período, e a tecnologia será o principal diferencial (ou a principal falha).


1. Risco de Interrupção das Vendas (Trava no Faturamento)
O novo sistema, com o IVA Dual (IBS e CBS) e a obrigatoriedade da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) unificada, exigirá que os softwares de gestão (ERPs) sejam capazes de calcular, emitir e liquidar notas sob as novas regras.
O Que Pode Acontecer: Se o sistema da empresa não estiver adaptado para os novos campos, códigos e o mecanismo de Split Payment (o imposto é separado na fonte), ela simplesmente não conseguirá emitir notas fiscais válidas. Sem nota, a venda não é finalizada legalmente, paralisando o faturamento.
O "Split Payment": Esse novo mecanismo, que cobra o imposto no momento do pagamento, é um grande desafio tecnológico e de fluxo de caixa que exige adaptação urgente.
2. Perda de Créditos Tributários
Um dos grandes benefícios da reforma é o princípio da não-cumulatividade plena, ou seja, o direito de se creditar integralmente do imposto pago em etapas anteriores.
O Que Pode Acontecer: Para aproveitar esses créditos, o sistema da empresa precisa ser capaz de rastrear, conciliar e documentar perfeitamente a origem de cada insumo e serviço. A pesquisa mostrou que a maioria das empresas não tem essa conciliação eletrônica. Isso significa que, por falha operacional, elas perderão o direito a créditos legítimos, elevando artificialmente o custo final do produto ou serviço.
3. Falhas na Precificação e Perda de Competitividade
A alíquota final do IVA (a ser definida) será alta, mas o direito a crédito é amplo. O impacto no custo final de um produto será muito diferente do modelo atual.
O Que Pode Acontecer: Empresas que não simularem o impacto do novo sistema em sua cadeia produtiva (do fornecedor ao consumidor) errarão na precificação.
Preços muito altos: Perda de mercado para concorrentes adaptados.
Preços muito baixos: Prejuízo na margem de lucro.
O Desafio dos Serviços: Setores de serviços, que hoje têm tributação relativamente baixa e pouca possibilidade de crédito, são os que mais precisam recalcular sua estrutura de custos.
4. Risco de Autuação Fiscal e Multas
A reforma visa simplificar, mas a fiscalização se tornará mais robusta e eletrônica.
O Que Pode Acontecer: Manter dois sistemas (o antigo PIS/Cofins/ICMS/ISS e o novo IBS/CBS) por anos na transição já é complexo. Erros na apuração dos impostos em um ou outro regime, ou inconsistências na documentação eletrônica (falta de validação automática), serão facilmente detectados pelo Fisco. A consequência é a autuação fiscal e multas pesadas.
5. Insegurança Jurídica e Contratual
Muitos contratos de longo prazo, cláusulas de fornecimento e acordos de preços foram negociados sob a égide do sistema tributário antigo.
O Que Pode Acontecer: Sem revisão jurídica e contratual, as empresas podem enfrentar disputas com fornecedores e clientes sobre quem deve arcar com o aumento ou a diminuição da carga tributária após a mudança. Contratos precisam ser revistos para definir quem se beneficia dos créditos e quem assume os novos custos.
A mensagem principal é que a Reforma Tributária é menos uma mudança contábil e mais uma transformação de negócios que exige investimento pesado em TI e treinamento agora, para evitar uma crise operacional em 2026.
Diante desses riscos, você gostaria de saber as medidas práticas que as empresas estão adotando para mitigar esses problemas de adaptação, especialmente em relação à tecnologia?
Fontes de pesquisas: Agência Brasil (EBC), PwC Brasil
Foto: Reprodução própria
