O cometa Lemmon se aproxima da Terra: descubra como observar esse espetáculo raro a olho nu no Brasil
Um visitante cósmico está iluminando o céu! Saiba quando e onde olhar para ver o cometa Lemmon brilhar sobre o Brasil.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Um novo visitante vindo das profundezas do Sistema Solar
Descoberto por astrônomos do observatório Mount Lemmon, no Arizona (EUA), o cometa C/2025 A6 vem de uma região gelada e remota conhecida como Cinturão de Kuiper, localizada além da órbita de Netuno. Lá, bilhões de corpos congelados orbitam lentamente o Sol — e, de tempos em tempos, um deles é “puxado” para o interior do Sistema Solar, oferecendo um espetáculo raro como esse.
O Lemmon é pequeno, gelado e extremamente veloz. Sua trajetória é tão alongada que ele só passará novamente por aqui em cerca de 1.300 anos. É literalmente um evento que acontece uma vez na vida.
Quando e onde olhar para o céu
Os astrônomos preveem que o cometa será visível entre 25 de outubro e 12 de novembro, com o brilho máximo previsto entre 2 e 8 de novembro.
O momento ideal para observação será logo após o pôr do sol, entre 18h30 e 20h (horário de Brasília).
Embora o fenômeno possa ser visto a olho nu, quem estiver em locais com pouca iluminação artificial terá uma visão muito mais nítida. Quanto mais afastado das cidades, melhor será o espetáculo.
Durante sua passagem, o Lemmon deve aparecer próximo aos planetas Mercúrio e Marte, e à estrela Antares, na constelação de Escorpião.
Dicas para aproveitar ao máximo
Para os observadores mais curiosos, binóculos ou pequenos telescópios podem revelar detalhes incríveis:
A cauda do cometa, formada por poeira e gases ionizados.
O brilho esverdeado, resultado de substâncias como cianogênio e carbono diatômico.
Variações na cor e no formato conforme o Lemmon se aproxima do Sol.
Aplicativos como Stellarium e Star Walk, disponíveis para Android e iOS, são aliados valiosos. Eles mostram exatamente onde o cometa estará no céu, facilitando a localização.
O brilho misterioso que encanta astrônomos
Segundo o astrofísico Gabriel Rodrigues Hickel, o Lemmon é um dos cometas mais fotogênicos do ano. Seu brilho se deve à reflexão da luz solar nas partículas de gelo e poeira que se desprendem de seu núcleo.
Essas partículas formam uma espécie de “nuvem” chamada coma, e o vento solar empurra parte desse material, criando a famosa cauda — sempre voltada para o lado oposto ao Sol.
O cometa pode ser visto como um ponto esverdeado e difuso, diferente das estrelas, que brilham com luz firme e constante.
Um espetáculo duplo: o cometa e a chuva de meteoros
A passagem do Lemmon acontece junto com outro fenômeno celeste: a chuva de meteoros Orionídeos, que ocorre todos os anos entre 2 de outubro e 7 de novembro.
Durante o pico, é possível observar dezenas de meteoros por hora, riscando o céu em alta velocidade — um verdadeiro show natural que une dois eventos astronômicos raros no mesmo período.
Prepare-se para testemunhar a história
Eventos assim são raríssimos. O Lemmon é um lembrete da vastidão e da beleza do universo — e um convite para desacelerar, olhar para o alto e apreciar um espetáculo que nenhuma tecnologia pode reproduzir.
Reserve um tempo, escolha um lugar escuro, desligue as luzes e olhe para o céu.
Pode ser que você nunca veja outro cometa como esse novamente. Se quiser registrar o momento, use o modo noturno do seu celular ou uma câmera DSLR com longa exposição. Mesmo que o cometa pareça pequeno, o registro vale como lembrança de um evento que só voltará a acontecer no século XXXIV.


Cometa C/2012 F6 (Lemmon) capturado em 2013, exibindo seu característico brilho esverdeado causado pela presença de gases como o cianogênio e o carbono diatômico. — Foto: Wikimedia Commons/Domínio Público
Cometa C/2012 F6 (Lemmon) capturado em 2013, exibindo seu característico brilho esverdeado causado pela presença de gases como o cianogênio e o carbono diatômico. — Foto: Wikimedia Commons/Domínio Público
