Novas tecnologias de IA conseguem identificar o que os animais estão sentindo

Modelos de inteligência artificial estão sendo treinados para detectar o que animais estão sentindo por meio de sons, expressões e comportamentos — um avanço que pode mudar fazendas, zoológicos e conservação selvagem.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

11/1/20252 min ler

Quando os animais “falam” e a IA entende

Por séculos, humanos interpretaram sons ou gestos de animais — o abanar de rabo, o grunhido de dor, o relincho de alerta. Mas entender com precisão o que se passa no “mundo emocional” dos animais era, até agora, quase impossível.
Hoje, modelos de IA começam a decodificar esses sinais: um estudo publicado na revista Scientific Reports pelo pesquisador Stavros Ntalampiras analisou vocalizações de sete espécies com cascos — como porcos, vacas e cabras — e encontrou padrões sonoros que indicam emoções positivas ou negativas.
Por exemplo: entre porcos, grunhidos de frequência mais aguda tendem a indicar mal-estar ou estresse; entre cavalos ou ovelhas, tons médios têm mais carga emocional.

Sons, gestos e aprendizado de máquina

O modelo de Ntalampiras opera por meio de aprendizado profundo (deep learning) que analisa áudio, frequência, tom e duração dos sons. Ele detecta padrões comuns entre espécies, mas também aprende as particularidades.
Outros projetos combinam IA com visão computacional: câmeras que monitoram expressões faciais, movimento do corpo ou postura de animais domésticos ou de fazenda.

Aplicações práticas promissoras

  • Pecuária e agronegócio: fazendeiros podem receber alertas automáticos se o rebanho estiver em estresse ou dor — permitindo intervenção rápida.

  • Conservação e zoológicos: monitoramento remoto de bem-estar de animais selvagens ou em cativeiro, reduzindo a necessidade de contato humano invasivo.

  • Animais de estimação e saúde assistida: coleiras ou câmeras que interpretam comportamento de cães ou gatos para detectar epilepsia, ansiedade ou outros problemas.

Os dilemas éticos e científicos

Detectar que um animal está em “mal-estar” não significa compreender completamente por que ele está assim. Como ressalta a pesquisadora Shelley Brady, “o verdadeiro teste não é o quanto ouvimos, mas o que estamos dispostos a fazer com o que ouvimos”.
Algumas ressalvas importantes:

  • Um mesmo som pode indicar alerta, brincadeira ou alerta de predador dependendo do contexto.

  • Modelos podem generalizar erroneamente entre espécies.

  • O uso dessas tecnologias demanda energia e infraestrutura — que pode impactar os ecossistemas que elas buscam proteger. Terra

O que você precisa saber agora

  1. Não é tradução literal: a IA identifica padrões, não “fala” a língua dos animais.

  2. Integração de múltiplos dados: som + postura + fisiologia = leitura mais confiável.

  3. Intervenção ética: se detectamos dor ou estresse, temos responsabilidade de agir.

  4. Potencial real e cautela: A tecnologia avança rápido, mas ainda está em fase de teste em muitas espécies.

Estamos no alvorecer de uma nova era na relação entre humanos e animais: máquinas capazes de “escutar” o que antes era silencioso. Esse avanço abre janelas para melhor bem-estar animal, eficiência no agronegócio e conservação ambiental — mas também exige reflexão ética. Afinal, se conseguimos ouvir os animais, seremos também capazes de mudar o modo como respondemos a esse chamado?

Fontes de pesquisa: Terra, Canaltech

Foto: Própria

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