Fim do Saque-Aniversário do FGTS?
Entenda as Novas Restrições e o Que Muda para o Trabalhador
ECONOMIA


O que muda nas novas regras do FGTS
O governo federal aprovou em 7 de outubro de 2025, por meio do Conselho Curador do FGTS, uma série de alterações no saque-aniversário, que entram em vigor a partir de 1º de novembro. A principal mudança é a perda da liberdade que o trabalhador tinha para sacar e antecipar parte do saldo do fundo.
“A partir de novembro, será necessário aguardar 90 dias após aderir ao saque-aniversário para realizar qualquer operação. Além disso, a antecipação do FGTS passará a ser limitada a uma vez por ano.” Disse o Ministério do Trabalho e Emprego.
Isso significa que quem optar por essa modalidade terá menos flexibilidade para movimentar seu dinheiro e poderá enfrentar mais burocracia para acessar o saldo.
Limite de R$ 500 por parcela preocupa especialistas
Um dos pontos que mais chamou a atenção nas novas regras é o teto de R$ 500 por parcela antecipada.
“Mesmo que o trabalhador tenha um saldo elevado, o valor máximo que poderá ser antecipado será reduzido drasticamente.”
Antes, muitos trabalhadores conseguiam antecipar valores maiores, chegando a receber quantias que ajudavam no pagamento de dívidas ou no reforço da renda familiar. Agora, o limite é bem mais restrito.
Na prática, quem antecipar cinco parcelas poderá receber até R$ 2.500, mas após os descontos e juros, o valor líquido deve cair para cerca de R$ 1.300. Essa diferença acontece devido à cobrança de juros sobre o período de antecipação — que pode chegar a cinco anos.
O impacto dos juros e a dificuldade de acesso ao crédito
Com a limitação do saque-aniversário, muitos trabalhadores terão que recorrer a outras opções de crédito — e isso pode sair caro.
Enquanto o empréstimo do FGTS tinha juros em torno de 1,69% ao mês, os empréstimos pessoais chegam a taxas de 6% a 7% ao mês. Essa mudança representa um retrocesso para quem via o saque-aniversário como uma alternativa acessível para lidar com imprevistos financeiros.
Para os economistas, a medida pode reduzir o poder de compra da população, diminuir o consumo e impactar diretamente o comércio e os serviços.
Bancos ainda analisam as novas regras
Apesar da resolução já ter sido publicada, a FEBRABAN (Federação Brasileira dos Bancos) ainda não confirmou se os bancos irão aderir às novas normas.
“Caso as restrições sejam mantidas, a modalidade de antecipação do FGTS pode ser descontinuada, encerrando uma das formas de crédito mais acessíveis aos trabalhadores.”
Instituições financeiras avaliam se a limitação no número de parcelas e no valor máximo compensará o custo operacional de manter esse tipo de crédito ativo.
Se os bancos decidirem abandonar a modalidade, milhões de brasileiros perderão uma das opções mais seguras e baratas de empréstimo disponíveis hoje.
O que o governo diz sobre as mudanças
De acordo com o governo federal, o objetivo é aumentar o controle sobre o uso do FGTS e evitar o superendividamento dos trabalhadores que utilizam o saque-aniversário como forma de crédito. A medida, no entanto, é vista por especialistas como uma restrição ao direito do trabalhador de decidir como usar seu próprio dinheiro.
“O governo promete mais controle sobre o saque do FGTS, mas na prática, muitos trabalhadores podem perder uma importante fonte de alívio financeiro.”
Além disso, há dúvidas sobre como a nova regra será aplicada em contratos de antecipação já existentes e se haverá algum tipo de transição para quem já utiliza o modelo antigo.
Prazos e orientações: o que fazer agora
Os trabalhadores que ainda desejam antecipar valores com as regras atuais têm até 31 de outubro de 2025 para fazer a solicitação junto ao banco. Após essa data, passam a valer as novas limitações. A recomendação é verificar o saldo e a situação do FGTS pelo aplicativo oficial, disponível gratuitamente nas lojas de aplicativos, e ficar atento às comunicações do governo federal sobre eventuais ajustes nas normas.
O que esperar do futuro do saque-aniversário
Especialistas acreditam que as novas regras podem ser revistas em 2026, dependendo do impacto econômico e da pressão pública. Enquanto isso, os trabalhadores devem se preparar para um cenário mais restritivo e com menos liberdade financeira.
Com a economia ainda em recuperação, essas mudanças reacendem o debate sobre quem realmente se beneficia das políticas do FGTS — o trabalhador ou o sistema financeiro.
Fonte:
Ministério do Trabalho e Emprego — Portal Gov.br
Foto: Reprodução própria
