Concreto que se reconstrói sozinho: a tecnologia invisível que pode transformar o futuro
Uma inovação promete revolucionar a construção civil: um concreto capaz de “curar” suas próprias fissuras e aumentar drasticamente a durabilidade das estruturas — quase como se fosse um material vivo.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA


A ideia que parecia ficção
Pesquisadores desenvolveram um tipo de concreto que incorpora micro-organismos ou aditivos especiais para detectar infiltrações de água e selar rachaduras automaticamente.
Um dos processos envolve bactérias encapsuladas que permanecem inativas até que a umidade entre em uma fissura; então elas produzem calcita (carbonato de cálcio) que preenche e sela o dano.
Como funciona na prática
Durante a fabricação do concreto, são adicionadas bactérias como Bacillus pseudofirmus junto com cápsulas de nutrientes ou aditivos.
Quando aparece uma microfissura e entra água, as bactérias “acordam”, metabolizam os nutrientes e precipitam calcita no local da fissura, restaurando a integridade.
Testes em obras reais na Europa já registraram cura de fissuras de até 0,8 mm em cerca de 28 dias, mesmo sob variação de clima.
Impactos esperados — além da manutenção
Aumenta a vida útil das estruturas em até 200% em alguns testes, reduzindo com grande margem a necessidade de reparos.
Contribui para a sustentabilidade: a indústria do cimento é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO₂, e menos intervenções significam menor pegada ambiental.
Possibilita construções mais seguras e com custos de ciclo de vida menores, especialmente em infraestruturas críticas como pontes, túneis e barragens.
Os desafios que ainda precisam ser superados
Apesar da promessa, o custo inicial do concreto autorregenerativo ainda é significativamente maior do que o concreto comum — cerca de 25% a 35% acima.
A escalabilidade em ambientes hostis ou diversos climas é uma questão em aberto: há necessidade de adaptação para locais tropicais ou com manutenção mínima.
Garantir que o material mantenha a eficácia por décadas, que os microrganismos permaneçam estáveis e que não haja efeitos colaterais no longo prazo são desafios de engenharia e auditoria.
O que isso significa para o futuro da engenharia
A adoção em massa desse tipo de material pode mudar o paradigma de “construir e consertar” para “construir e esquecer”.
Entidades públicas e privadas podem redirecionar os recursos normalmente usados em manutenção para expansão de infraestrutura ou inovação.
Além disso, essa tecnologia abre espaço para materiais ainda mais “vivos” — que detectem estresse, reajam ao ambiente e cuidem de si mesmos. Em outras palavras: estruturas inteligentes, versáteis e duradouras.
Fontes de pesquisa: Revista Fórum, WEG Blog
Foto: Reprodução própria
