Brasil é o terceiro país que mais usa inteligência artificial — e o que isso realmente significa

Uma nova pesquisa mostra que o Brasil ocupa a posição de destaque global no uso de IA cotidiana. Mas será que isso traduz impacto real, preparação e controle? Este post explora as implicações desse dado para tecnologia, sociedade e futuro da economia brasileira.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

11/11/20253 min ler

O dado que chama atenção

Segundo reportagem publicada pela R7, uma pesquisa revela que o Brasil aparece como o terceiro país em uso de inteligência artificial para atividades do dia-a-dia — como “pesquisar roteiros, refazer fotos e resumir textos”.
No levantamento, 27% dos usuários brasileiros com idade entre 18 e 24 anos relataram uso de IA, e 33% entre 25 e 34 anos.

Esse dado sugere uma adoção rápida da tecnologia, especialmente entre os mais jovens — mas por trás da cifra há perguntas maiores: quais usos reais estão sendo feitos? Qual o nível de maturidade das aplicações? E quais os riscos envolvidos?

Por que o Brasil aparece entre os primeiros

Há vários fatores que ajudam a explicar essa colocação:

  • A disponibilidade de smartphones e internet no país, que facilita acesso a ferramentas de IA generativa e assistentes automáticos.

  • O consumo intenso de conteúdo digital e redes sociais no Brasil, que amplifica experimentações com IA para edição de imagem, geração de textos, chatbots.

  • A curiosidade elevada dos usuários mais jovens — faixa etária de 18-34 se mostra mais aberta a testar e utilizar essas ferramentas.

Esses quatro ou cinco fatores contribuem para explicar o “alto uso”, mas o uso alto não garante que o país esteja preparado para os desafios de regulação, ética e impacto econômico da tecnologia.

Esse uso elevado significa maturidade tecnológica?

Não necessariamente. Existem algumas lacunas importantes que esse dado por si só não evidencia:

  • Qualidade das aplicações: Muitas vezes o uso está ligado a tarefas simples — correção de fotos, geração de legendas ou tradução — e não necessariamente a sistemas críticos ou de maior impacto.

  • Infraestrutura institucional e regulatória: Uso elevado exige também marcos regulatórios sólidos, políticas de proteção de dados, auditoria de algoritmos e preparação da força de trabalho. O Brasil ainda trava em vários desses aspectos.

  • Distribuição desigual: O dado menciona faixas etárias, mas não detalha diferenças por região, escolaridade ou tipo de uso profissional. Há risco de que o uso seja superficial para uma pequena parcela, enquanto grandes partes da população fiquem fora.

O que esse cenário abre de oportunidades e riscos

Oportunidades

  • Empreendedores e startups têm espaço para desenvolver ferramentas de IA voltadas para o mercado brasileiro — desse uso intenso pode nascer demanda por produtos adaptados ao português, às condições locais.

  • Educação e capacitação: com uso elevado, cresce a necessidade de alfabetização em dados e treinamento em IA para jovens e adultos, abrindo caminho para novos cursos, plataformas e carreiras.

  • Adoção em empresas: o hábito do uso pode facilitar a difusão de IA nos negócios, especialmente em automação, análise de dados, atendimento ao cliente.

Riscos

  • Privacidade e segurança: mais uso implica mais dados sendo gerados, compartilhados e, potencialmente, vulneráveis. Sem regulação forte, cresce o risco de abusos.

  • Dependência de ferramentas estrangeiras: se a maioria das aplicações for importada ou controlada por grandes empresas externas, o país pode ganhar em volume de uso mas perder em soberania tecnológica.

  • Impactos do trabalho: se muitos usam IA para tarefas simples, pode haver deslocamento ou desvalorização de certas atividades. O Brasil precisa pensar em transição e requalificação.

Para onde olhar agora

  • Monitorar se o governo brasileiro avança em regulamentação de IA, transparência algorítmica e incentivos à indústria nacional de IA.

  • Verificar como as empresas brasileiras estão usando IA — se apenas internamente para pequenas tarefas ou em projetos estratégicos, transformadores.

  • Observar se o uso elevado se expande para regiões fora dos grandes centros urbanos, reduzindo desigualdades digitais.

  • Acompanhar se o aumento de uso se traduz em resultados reais — mais produtividade, inovação, geração de novas carreiras e menos vulnerabilidade.

Fontes de pesquisa: R7

Foto: Reprodução própria

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