3I/ATLAS: Interesse Cósmico — O Cometa Interestelar com Primeira Detecção de Rádio

O cometa interestelar 3I/ATLAS teve sua composição revelada pela primeira vez por meio de ondas de rádio captadas pelo radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, confirmando sua origem natural e afastando conjecturas de que fosse uma nave alienígena.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

11/14/20252 min ler

A descoberta e os dados principais

Cientistas registraram pela primeira vez uma emissão de rádio vinda do cometa 3I/ATLAS em 24 de outubro de 2025, após tentativas sem sucesso em setembro, marcando assim uma nova era na pesquisa sobre cometas. Esta detecção não só representa um avanço tecnológico significativo na astronomia, mas também abre novas portas para a compreensão dos corpos celestes em nosso sistema solar e além.

A detecção envolveu absorção de moléculas de hidroxila (OH) em frequências de 1,665 GHz e 1,667 GHz — substância produzida pela sublimação da água à medida que o cometa se aproxima do Sol. Este fenômeno ocorre quando o calor do Sol provoca a vaporização das geleiras que, por sua vez, liberam gases e partículas no espaço. Tal processo é fundamental para monitorar as características físicas e químicas do cometa, contribuindo para um melhor entendimento da composição de objetos interestelares.

Esse tipo de assinatura de rádio é típico de cometas, o que reforça a hipótese de que o 3I/ATLAS é um objeto natural e não uma estrutura artificial, desmistificando assim algumas teorias que circulavam em torno da sua origem. Além disso, essa emissão fornece uma prova empírica de processos astrofísicos que ocorrem na interação entre cometas e o entorno solar.

Por que essa descoberta importa

Confirmando a natureza interestelar

O 3I/ATLAS foi identificado como o terceiro objeto interestelar que atravessa o Sistema Solar, após 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov. Sua trajetória hiperbólica indica que ele está apenas de passagem e não vai voltar, o que é fascinante para os astrônomos, pois sugere que existem muitos mais objetos semelhantes viajando através da galáxia, possivelmente com histórias e composições únicas. Cada passagem destes corpos oferece uma oportunidade rara para o estudo da física dos materiais em diferentes ambientes cósmicos.

Novas janelas para estudo de corpos extraterrestres

Obter emissões de rádio permite aos astrônomos estudar a composição, atividade e processos físicos de cometas que vieram de fora do nosso sistema — oferecendo pistas sobre a formação de sistemas estelares distantes e sobre a evolução de gelo, poeira e jatos em ambientes pouco comuns. Este conhecimento pode ajudar a explicar a formação inicial do nosso próprio sistema solar e a dinâmica de outros sistemas planetários que conhecemos.

Modelos repensados de formação e trajetória

A observação do 3I/ATLAS reúne dados que desafiam ou complementam teorias sobre objetos interestelares: idade possível de bilhões de anos, composição incomum e trajetória de escape — tudo isso amplia o campo da astrofísica de objetos extrassolares. Esses dados são essenciais para que os cientistas revisem suas teorias atuais e aprimorem modelos que explicam como as estrelas e os planetas se formam e evoluem ao longo do tempo cósmico.

O que ainda está em aberto

Determinar a estrutura exata do núcleo e da coma do 3I/ATLAS com precisão: qual o diâmetro exato, massa, idade e origem genética desse corpo interestelar. Essas perguntas são cruciais para a compreensão dos processos que governam a formação e a evolução dos cometas, o que pode trazer à tona novas teorias sobre a origem dos próprios sistemas solares.

Com que frequência esses objetos entram no Sistema Solar e quanto “tempo de vida útil” eles têm antes de se dispersarem ou serem perturbados gravitacionalmente? Esse é um aspecto que pode reescrever o que sabemos sobre a dinâmica e a movimentação de corpos interestelares dentro da galáxia, além de impactar futuras missões espaciais que visem investigar mais a fundo esses fenômenos.

A implicação da atividade sublimatória e de jet streams (jatos) para a perda de massa e vida desses objetos à medida que viajam pelo espaço profundo. A compreensão de como os cometas perdem material e como isso afeta suas trajetórias é vital para garantir que os pontos de vista sobre esses corpos celestes sejam ainda mais refinados e informados com os dados mais atualizados possíveis, que ajudem a avançar em áreas tão variadas quanto a astrobiologia e a física dos materiais no espaço.

Fonte de pesquisa: Correio Braziliense

Foto: Reprodução própria

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